sábado, 29 de novembro de 2008

As Origens do Romance


“(...)Vê cá a costa do mar, onde te deu
Melinde hospício gasalhoso e caro;
O Rapto rio nota, que o romance
Da terra chama Obi; entra em Quilmance.”
(Luís de Camões, Lusíadas, canto X, 96, 5-8)


Romanço ou romance, assim se nomeavam as variantes locais do latim vulgar, que se desenvolvem após a derrocada do império romano entre os séculos V e IX. A locução adverbial romanice loqui, literalmente, “falar à moda românica”, ou seja, a fala plebéia e popular, por oposição a latine loqui, “falar do jeito latino”, vale dizer, na linguagem oficial da regra culta.

Romanço (romancium) forma-se por substantivação do advérbio romanice e apresenta desenvolvimento semântico bívio: de língua vulgar, forma corrupta e divergente da fala romana, passa a designar a “fala popular de um país” de um modo geral; por outro lado, romance evolui também para “poema narrativo composto em língua popular” ou “conto, canção e narrativa em prosa”, noção hoje predominante.

Na primeira acepção, atualmente em desuso, vai acima o verso camoniano (é de notar no mesmo fragmento o uso de ‘rapto’ no sentido original de ‘rápido’); da segunda vertente, ainda transparece o antigo sentido em vocábulos como romanceiro, “coletânea de cantigas e contos folclóricos”.

Pode-se falar propriamente de romances hispânicos (o português é transformação do romanço galego-português), romances italianos, romances gauleses e assim por diante. Caso se mantenha como língua franca da Web, especula-se que o inglês ― língua de estrutura gramatical simples e regular, além de riqueza léxica ― pode vir a originar diversos dialetos locais ― novos romances.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Em quem você quer tocar e ser tocado?

Para que possa sair do lugar seja parado ou andando, ou seja romper a barreira da inércia é necessário que suportemos um pouco de atrito com algo, um carro só sai do lugar através do coeficiente de atrito entre a roda e o asfalto. Da mesmo forma quando temos de iniciar um projeto é bom que por um momento deixemos as armas da critica e deixemos ser tocados por aqueles que querem nos tocar.Caso contrário ficaremos em nós mesmos sem sentir em ultima hipótese a nossa presença que se reflete no outro. Não nos reconheceremos através da alteridade,reafirmando o narcisismo infantil do espelho que continua nos assombrando.nâo escrevo babaquice então o "Pau que fode a buceta é o mesmo que por ela é fodido".

domingo, 23 de novembro de 2008

TVENDOPASSAR




mim
caminhando na multidão
por um breve instante
uma mulher
reflete o odor da vitrine
painel sinestésico, êxtase
mediascape
todas as histórias
já foram vividas
cada um destes lugares
visitados
por todos



aqui só há signos
ultra-violência
mais-que-realidade
vida por procuração
(pain by proxy?)
ou reciclagem permanente



FIQUEI ASSIM
DEPOIS DE
W. BENJAMIN

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

os objetos agem



Se alguém numa madrugada tocasse
feridas recém-abertas
ou dissesse que estou preso a uma esfera
que nunca se rompe
nenhum poder se iguala àquilo:
um pássaro
durante seu vôo e a curva de uma pedra
arremessada
tem arabescos fluidos, redes disformes, riscos discordantes
balanço
o zumbido dos insetos transforma a duração
a dor
ocupa todo o pensamento, tudo
se move
de grau em grau
imaginariamente


Compreender aquilo a que estamos fadados significa estarmos conscientes de que isso é diferente de nosso destino.


Para operar no mundo
é preciso entender
como o mundo opera

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

sábado, 15 de novembro de 2008

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

DISSIMILITUDO


no calendário
há os dias pretos e os dias vermelhos
em vermelho são as festas e feriados, nacionais e internacionais, como o Primeiro de Maio
os dias em preto são quase todos
os dias
a história acontece em dias pretos
mas é lembrada nos dias vermelhos



tive pena do cão magro na rua
vivi um romance no cruzar de olhares
dentro do elevador
com isso os dias pretos ficam pretos
sem compaixão, sem amor



recordar
é fazer passar de novo pelo coração
precisamos celebrar sem dia especial
qualquer micro-explosão do ser
realçar os pequenos momentos afetivos
amputar a seqüência neurótica que repete
gastos fantasmas



comemorar
(lembrar junto)
re-produzir memórias íntimas, compartidas



e então abandono a idéia de tempo como sucessão
de eventos
e já não sei mais que dias são pretos ou vermelhos


terça-feira, 4 de novembro de 2008