domingo, 30 de maio de 2010

nada é o que aparece, o invisível sempre estraga tudo

o segredo do mundo não guarda
nenhuma redenção
talvez apenas mais
demência

você vive imune na Bolha
mora na Zona Verde de Bagdá
ou pega buso no pé do morro
(Ameno Resedá)?

mas existe fora do Google Maps
algum lugar de não
de mentes que incaptam
o Sistemafodão?

não há limites naturais
para o impensável
o assassinato em massa elevado a arte
performática do século

estranhamente familiares despidas
de afeto belas e amargas crônicas
sobre pessoas vazias de esperança
e sentido

eu você e todos nós
nada fazemos pelas
outras pessoas como qualquer
outra

acontece que ainda estou na pegada
seguindo segundo
a segundo a levada beat
pulso da pulsação

quarta-feira, 12 de maio de 2010

deixa a Clementina vadiar!

a forma mais perigosa de lucidez
é a loucura
solidão universal dos videntes
que não aconchambram
não coligam
não arreglam
nem rezam nos cemitérios clandestinos
da ditabranda

o país dos grandes, poucos e bons cresce
inútil e cruelmente
colossos demográficos
emergem do capitalismo sem incômodos
da lei

temos a nova classe C
de conservador
(ninguém merece)
sempre o passito pra trás
sempre os mesmos perfeitos bundões
latinos
verborrentos
bravateiros
Machos Camachos
que pegam, matam e esfolam
mas não têm a coragem de mover
uma palha

então era só isso
sobe os juros
pau nos pobres
periféricos e pardos
rola a roleta da finança
e fodam-se as ilusões
(juvenis?)

meu amor
viva o amor
viva comigo
OBS: projetos de imaginação de renda

soltem as forças produtivas da nação
levem os meninos para a Copa
para a ONU
para Marte
é absolutamente necessário saber perder
com alegria
ousar a glória
com leveza

chega de volantes de contenção
pelo fim da caça às sereias
da Vila
basta desse negócio de jogar com medo
do sonho
queremos fantasia no comando de ataque
da seleção canarinho
queremos a poesia na cabeça
da proa

sexta-feira, 7 de maio de 2010

SINASTRIA

a alma é um puteiro com 9 mil milhões
de quartos
em cada um, 9 zil zilhões de paixões
diferentes

a imaginação
é a louca dessa casa
de tolerância

aquilo que no espírito
se acoita
não pode ser visto
senão
pelos ouvidos moucos
da paixão

o navio no qual nasceste
é uma casca de noz
ATRAVESSIA
nas nebulosas do vir
a ser

deslizas sobre os infinitos
congelados
do incerto instante
solitário é o rumo
rema remador

a morte vive a moquir
a substância
do não

nada te sustenta
na falta-a-ser
resta
a capacidade de nadar

o vivente
vivo está por força
do amor
simetria de afinidades
desastradas

só pelo amor
a alma participa
da vida

quarta-feira, 5 de maio de 2010

o dragão diurno

como é pesado carregar
o morto
em vida

um dragão pousou no jardim
passado um dia
é como se ele sempre tivesse estado