sábado, 24 de dezembro de 2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Cuidar da infância: um enigma contemporâneo

Até surgir a psicanálise, a infância morava num um estágio do entendimento humano pelo qual passam os objetos de existência virtual: a presença sensorial é acompanhada de retardo conceitual numa condição de pouca representação. Com os esclarecimentos e confusões advindos da psicanálise, a singularidade infantil ganhou relevância anteriormente inédita; o mundo encantado da criança mostrou ser povoado por medos, inibições do desenvolvimento, complexos e passou a se discutir abertamente o tabu da sexualidade infantil. A teoria psicanalítica, que se completou no começo do século XX contemporânea de uma era de intensa agitação política e criatividade tecnológica, conseguiu estabelecer algum conhecimento técnico acerca da criança.

A subjetividade da criança ganha o nome de infans, aquele que se constitui como pessoa enfrentando a imaturidade orgânica; tal subjetividade constitui-se como um depósito de sucessivas identificações executadas à maneira de um antropófago cujo pragmatismo não vacila em apropria-se de produtos sociais, sejam estes pessoas, coisas animais ou representações coletivas. Cada biografia particular realiza um percurso único no qual as pulsões parciais se organizam em circuitos, sendo o sujeito do inconsciente produto destas travessuras regido pela ética do ‘perverso polimorfo’[1].

Ator e autor apostado por um narcisismo absoluto que o capacita a escrutinar a validade dos ensinamentos das pessoas que freqüentam sua ambiência, o infante está obrigado a investigar, a propor experimentos, buscar parceiros para realizá-los, até que em algum momento possa depositar para si uma condição que compatibilize as representações que forja com os mundos que habita. Num segundo momento, em que se torna biógrafo de sua própria história, ele deverá acompanhar as conseqüências de seus atos, assumir responsabilidades, bem como ser recompensado por suas ações – o chamado reconhecimento social.

Ao apresentar um panorama deste sujeito, tão infinitamente mais complexo do que antes se imaginava, a psicanálise atualizou uma problemática que não poucas vezes causa horror aos adultos: as crianças dão muito trabalho na sua construção. Freqüentemente confundem-se suas reações disfuncionais com doença, muitas crianças são levadas a tratamento porque os ‘cuidadores’ (pais, tios, avós, professores, terapeutas, outros agentes de saúde, etc.) não alcançam a extensão dos problemas, tampouco as dificuldades enfrentadas pelas crianças.

Estes ‘cuidadores’ enfrentam uma série de dilemas que podem ser agrupados em três categorias: primeiramente, precisam criar um ambiente de formação protetor e ao mesmo tempo desafiante para a criança; em segundo lugar, há um conflito de narcisismos entre cuidar de si próprios e atender às exigências de um ser exigente em meio a uma sociedade em rápida mutação; por fim, há a dificuldade estrutural que se baseia numa barreira de comunicação de base: os adultos, justamente porque precisaram tornar-se adultos, esqueceram o que é ser criança.

Por que os infans de hoje são tão chatos e exigentes? Sem pretender uma resposta única e definitiva, diria que este é um daqueles casos em que, contraintuitivamente, reconhecido o tamanho do problema, a solução fica mais difícil. O mundo em que não existia a infância era mais ‘simples’, mas era mais simples porque simplesmente se reprimiam as demandas da infância, da feminilidade, das classes desfavorecidas e assim por diante. É isso aí: o mundo em que vivemos é mais complexo, mais informado e, conseqüentemente, apresenta demandas muito maiores para crianças e adultos ― mas supõe-se que estes últimos têm uma responsabilidade maior

Pais queixam-se de filhos que não são ou não fazem o que deveriam; quando a criança é muito chata quer dizer que para ela o mundo não coincide com o que precisaria ser. É preciso tornar-lhe mais agradável o mundo!
Use a psicanálise para fazer isto.



[1] Equivale dizer que opera com uma série de permissões que posteriormente serão reprimidas, p.ex.: beijar os animais de estimação, quebrar objetos, sujar-se, etc. O termo ‘perverso’ não nos deve extraviar para o fato de que este sujeito está comprometido com uma busca de sentido na construção da pessoa.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011



Atrações da Caldeira d a d a Diversidade

1-Música Dj Kblo e Dj João Rocha, bandas: Boy´s Night, Pappas Palace, Anima, Nico Latinidade, Maracatu de Raquel Trindade e banda Gaza. E mais, Tag tool e Guitarrada

2-Cia de Dança de Claudia Souza, Palhaços e Teatro Jandira

3-Desfile Dasdoida em homenagem a Foucault
lançamento Revista Lowcultura e do livro Igapó de Anísio Mello, editora VALER

4-Feira solidária Bazar da Rede Ecosol

5-Alimentação: churrasco Só a Antropofagia no Une, salgados e bebidas

6-Instalações e videos de Janaina Nagata e Nídia Bastos, Playmobil em obras de Lê Machanoscki

7-Oficinas
-silk screen DASDOIDA, cerâmica de Vicente Cardia
-tear+origami João Villares e Silvia Arima
-EVGB sobre eleição de heróis de videogame com Willian JS e Geane Baccar

8- Balcão informativo da Ong Caleidoscópio

sábado, 22 de outubro de 2011

Lançamento #2 Revista Lowcultura

Rimbaud era zagueiro de várzea na Vila Manchester

eu sou o pirata
da cara-de-pau
eu vendo sujeitos
à razão social

consumo doses diárias
de autoajuda
o photoshop
da alma

pratico yoga pilates tai chi
maharishi moxabustão
apóio causas perdidas
como a dos ba’hái
e o Curdistão

aprendi com os autoreverses
davida
que maçã prende
mamão solta
branco engorda
preto emagrece
e que a rapadura é doce
mas não é mole
não

(por isso my brother Charles
mesmo sabendo que é abuso
antes de ir
agito e uso)

e eu o barco bêbado
dos bailões do patropi
cabra da peste
a leste
de Bucareste
tive o estalo de Vieira
o insight de Jobs
no Buena Vista Social Club da vida é Wim Wenders
... e aprendenders

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

um caminho sem chão


entre o poeta e a poesia existem caminhos
tempos
que ele estilhaça para sair de todos
os existentes caminhos

porque este ser tão construído
com poesia
não é da ordem do mapa
da geografia

porque um poeta busca nessa
ausência de lugar
o seu universo
único

em cada estrada que vai
de nada a lugar nenhum
procuro sempre além
do encontrável

escrevo exatamente porque
não sei
que idioma vozes margens ou veredas
me inundarão com a Vida

entrevejo uma nação
encantada
que só pode ser dita pela palavra
por inventar

e a todo poeta compete um percurso
lento e cego
que não se presta a revelações
senão esquecimentos

já que só existe uma verdadeira
ameaça
a invasão de um território único homogêneo
a anular

lá quando
os sonhos
sonham

domingo, 11 de setembro de 2011

é preciso reconhecer
a vida
não resiste

a uma pergunta
séria
e que é difícil

mesmo impossível
atribuir
sentido ao que não

tem
o brilho do nada
que

há em tudo que
vive
em tudo

quanto busca
o transcendente
pela

recusa do seu
falso
rosto máscara do

corpo
esse traidor em
potencial

virtuosamente
adestrado
hipocondríaco

higiênico
instagram
do universo

contemporâneo
cujos caminhos e leis
oferecem

sinais de inédito
ouro
invernal

terça-feira, 30 de agosto de 2011

domingo, 7 de agosto de 2011

sábado, 11 de junho de 2011

por que se mata o poeta?

Árdua entre as mais tarefas

que impõe a vida continuar

vivo não é fácil e requer

experiência

ninguém pediu para nascer

supostamente

por que então o poeta pede

para sair?

desce do trem e da vida antes

do fim da festa do pôr

do sol do inverno e da

colheita

o estouvado gesto é claro

erro crasso e necessário

a mim a vocês ao camponês

e ao operário

o poeta surfa a onda na velocidade

da luz

um vacilo e ele perde todos os espelhos

torna-se irremediável solitariamente

contrário

tragado pelo caldo primitivo nas entranhas

do Grande Buraco

em 1925 Siérguei Iessiênin corta os pulsos

escreve versos com sangue e

se enforca

grita Maiakovski contra os "versos velhos no velório" do jovem

porque somos chamados a sustentar o corpo imenso

do morto

já que sem poetas estamos um pouco menos

despertos

menos atentos à barulheira que faz a poesia

em nossos sentidos

os suicidas sempre deixam uma mensagem

em código

escrita numa língua antiga e indecifrável

a qual esquecemos

mas que afinal lembramos uma última vez

cedo ou tarde.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os Fukushima - parte 2


― Iuri, seu tio não gosta de ver você desse jeito. Você faz um bom trabalho no computador, como quando recebeu o aviso de que a represa da Ponte Nova tinha estourado, mas não pode ficar o dia inteiro ligado nisso. Não há mais tempo pra ficar banzando, descubra o que é a coisa mais importante de todas na sua vida e faça o que tiver que fazer.

― Hideo-san, não tenho feito outra coisa... estou atrás dia e noite da única pessoa que me interessa. A Yuri, tio... a merda é que a internet agora passa a maior parte do tempo fora do ar...

― Yuri? Ah, sim, Yuriko! Ela é da família Tomome, não?... hmm, aquele pessoal lá como é que ficou? Lá também se arruinou uma barragem, não foi?, a Ribeirão do Carmo...

― Agora tenho uma informação, ela foi vista aqui perto, a leste de Ribeirão do Pote...

― Hmm, aquilo lá tá tudo alagado, a rodovia submergiu e o mato virou várzea... peraí, acho que é lá que estão muquiados aqueles vagabundos que cataram nossa colheita de milho, a gente podia chegar lá e tomar deles de volta ― Hideo calculava unir o arriscado ao útil, quer dizer, arriscado para o sobrinho, porque não havia garantias de encontrar a menina, mas útil para o seu grupo, onde vários homens estavam precisando descarregar sua testosterona contra um inimigo externo antes que se voltassem contra a própria comunidade.

Partiram cedo na manhã seguinte. O grupo reunia doze homens armados, três mulas e botes infláveis.

Por volta das duas da tarde, após descerem a estrada do Paraitinguinha, avistaram o talude derruído de uma pedreira que ficava contígua à rodovia Rolim de Moura. Um capiau passou com uma rede de pesca e um saco de juta. Cuidando para não serem vistos, os Fukushima resolveram cortar o caminho do pasto subindo por uma picada até o topo do morro, onde seguiram por três quilômetros de encosta até uma espécie de anfiteatro de erosão natural no meio das colinas. Um córrego descia morro abaixo partindo de uma garganta, parando ali como que para respirar numa lagoa escura e ampla rodeada por pedras. Cada um parou também para se refrescar, os homens se embrenharam na vegetação atrás de uns preás, o chefe da expedição sentou-se numa pedra à beira da lagoa e acendeu o cachimbo enquanto observava o sobrinho.

Um barulho na folhagem atraiu a atenção de ambos por um segundo; quando se viraram, na margem oposta havia um sujeito com uma cano serrado, à esquerda de onde Iuri se encontrava e bem de frente para Hideo. O cano da espingarda era um túnel escuro e indecifrável mirado diretamente neste, que permanecia cachimbando com toda a calma do mundo. Ninguém dizia nem fazia nada; os três apenas ficaram ali, sem se mexer do lugar, fixados no silêncio opressivo. Um gavião-carijó saiu do arvoredo batendo rapidamente as asas, até que ganhou altura ao pegar uma corrente de ar quente; lá do alto, soltou um guincho agudo que cortou os ares como um arrepio. Iuri entendeu que deveria entrar em ação para o tio escapar da cilada; jogou-se para trás do tronco de uma árvore disparando o revólver calibre 32 na direção do cara no outro lado do lago.

Hideo mergulhou para se esconder na mesma pedra em que estava sentado; ele ouviu o estampido dos tiros do sobrinho serem engolidos pelo da espingarda, que soou como um canhão ribombando nos morros da vizinhança. Sobre a sua cabeça, ramos de árvores e arbustos se rompiam como papel rasgado, lascas das pedras alvejadas se soltavam ao seu redor com um som metálico, a superfície da água verrumada por balas perdidas. O tiroteio generalizou-se num alvoroço fumacento e furioso; seus homens disparavam apavorados, fogos vindos do meio da capoeira respondiam, os projéteis passavam assobiando, perdendo-se no meio do mato ou escavando o lenho dos troncos com estalidos secos. Após um tempo, que pareceu durar horas, mas não passara de vinte minutos, a balaceira cedeu completamente. Pouco a pouco, os Fukushima se reagruparam em torno do chefe. Iuri tinha desaparecido.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os Fukushima - parte 1


Supunhetemos
que de repentelho
o mundo se escabaçasse,
o que siririca de nós?
Nádegas, nádegas, nádegas...


Nos últimos tempos, essa cantilena, vinda de um ponto longínquo da infância de Hideo, irrompia-lhe no pensamento a qualquer hora do dia ou da noite; às vezes trauteava-a distraidamente em momentos vagos, até que se desse conta de que o fazia e parasse encabulado. Não tinha muitos ultimamente, os tais momentos ociosos, que lá isso não podia se dar a muitos desfrutes reflexivos; era uma situação muito delicada no mundo inteiro, e ele, na condição de homem de ação, tinha sido chamado a assumir uma liderança que lhe fora negada nos tempos da bonança. Se no plano coletivo a conjuntura era catastrófica, pessoalmente, Hideo experimentava, aos cinqüenta e seis anos de idade, uma inédita sensação de realização e plenitude: estava tão ciente como os outros de que ia morrer no cataclismo que se avizinhava, mas o reconhecimento tardio lavava-lhe a alma.

Tudo começara há quase um ano, quando a notícia começou a escapar dos meios científicos; a princípio, houve discórdias na confirmação independente dos dados, até que finalmente a comunidade dos astrônomos entrou em acordo que um calhau de cem quilômetros de diâmetro estava em rota de colisão com a Terra. Logo ficou óbvio que a espécie humana não sobreviveria ao impacto: o trambolho era dez vezes maior do que aquele que havia exterminado os dinossauros. O SKA, Square Kilometer Array, maior radiotelescópio do mundo, situado na África do Sul e o LINEAR, Lincoln Near-Earth Asteroid Research, consórcio da Força Aérea Americana, da Nasa e do Laboratório Lincoln do MIT, confirmavam que duas pedras gigantescas haviam se chocado no cinturão de asteróides que fica entre Marte e Júpiter, desprendendo um bólido batizado sarcasticamente com o nome do deus Maia dos sacrifícios humanos: 2012 Buluc Chabtam.

Hideo Fukushima meditava sobre a balbúrdia que era finar-se o mundo de maneira tão sem sentido, uma desorientação em escala planetária se instalara: as instituições, os freios éticos, as religiões, tudo despencara num fenômeno global e simultâneo em que se assistiu ao derretimento dos laços sociais no decorrer de poucas semanas. O Apocalipse com hora marcada da ciência suplantava os pânicos milenaristas das profecias, mandando o esmalte civilizatório para a casa do chapéu; as pessoas abandonavam suas casas, suas famílias, as cidades ficaram desertas, bandos erráticos em busca de alimento tornaram-se a principal ameaça. A paralisação da infraestrutura energética levou à suspensão geral do transporte e das comunicações, o mundo voltava a ser local. Toda a cultura, tecnologia e desenvolvimento se mostraram impotentes para deter o emissário cego da morte e do caos; seria castigo divino por conta da pílula e do casamento gay, os séculos de queima de hereges e combustíveis fósseis, ou apenas a indiferença moral da natureza?

Em tempos tão confusos, o clã dos Fukushima ocupava um território privilegiado no cinturão verde da Grande São Paulo e dispunha da tecnologia adequada para subsistir, já que havia se estabelecido entre os principais fornecedores da região horti-fruti-fungi-flori-granjeira de Salesópolis. A extensa rede fluvial, as matas de proteção a mananciais, a experiência com agricultura orgânica e a disponibilidade de enxofre, carvão e salitre ― ingredientes da pólvora ―, fazia daquela uma região auto-suficiente, desde que ali houvesse uma comunidade disposta a defendê-la. Hideo foi o primeiro a perceber isto e a convencer todos de que se se espalhassem, nada mais os juntaria; morrer por morrer, quanto mais tarde, melhor, e, permanecendo juntos, não estariam à mercê dos roubos, assassinatos e estupros das gangues nômades.

A mãe e os cinco tios, que o haviam preterido na sucessão da empresa familiar que fundaram, aplaudiam-no agora que, por um golpe do destino, ele tomava as rédeas e mantinha a todos unidos em torno de um objetivo comum: sobreviver enquanto desse. Como líder, sabia intuitivamente que a saúde de um grupo depende do bem estar de todos e cada um e por isso é que andava tão preocupado com as atitudes de Iuri; o sobrinho era o geninho da informática, passava o dia conectando-se aos fiapos de conexão que alguns abnegados ainda conseguiam manter na internet, mas o emburramento sorumbático do garoto ficava cada vez mais evidente. Era o tio querido do garoto, que o escolhera como padrinho da perda da virgindade; Hideo levou-o à zona e o apresentou a cada uma das putas pelo nome, como cavalheiro que era.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

despertar

mesmo que as idéias e as imagens faleçam

em descrever

assim é a imersão no instante-distância que

sempre esteve ali

como se nos tirassem um capuz

da cabeça

que amplitude infinita que alívio

ver o que não foi visto antes como

se a calota da cabeça explodisse e

um bando de pássaros revoasse para fora do

ninho escuro

de repente não há mais causa nem efeito

e tudo apenas se reflete no espelho

nada

pode amarrar ou desamarrar não há fogo

nem fogueira

as coisas como elas são transparentes

bruxuleios ilusórios do

desejo que não mais te fustiga/escraviza

você

apenas está no irremediável fluxo até

mesmo as metáforas que te dei estão

fundidas num

todo sem margens abrangendo o

estado de compaixão a sabedoria as bênçãos a claridade a

ausência

do pensamento este é o despertar do sonho que sonhava

a si próprio

um profundo senso de humor brota de dentro e você

sorri

divertido com a inutilidade do que até então te

preenchia e

só agora te dás conta que inexiste algo além

a procurar nada mais a ser

esperado


quinta-feira, 31 de março de 2011

a força de atração

QWERTY me desafia: ― Não importa o que faças! Ele está certo. não sou nenhum Pessoa mas carrego muitas pessoas em mins as constantes mudanças de estilo e técnica são sinais de falta de maturidade indicam um período de transição o que acontece é que o capitalismo faz deste período de transição um período [permanente pratico uma vida cotidiana graças aos objetos (fujo, finjo, já que é por eles que deveria estar enlutado) e isso me permite, ainda que regressivamente, viver reconheço que é uma paixão de colecionador e que provoca uma certa perda do sentimento de atualidade uma vez que a organização da coleção ambiciona substituir a métrica do tempo, um passatempo diria, meu passatempo, mas, para mim, é muito mais que isso, já que o abole é que um mundo sem carência seria impermeável, acarretaria uma reabsorção definitiva da fatalidade, portanto, da sexualidade acredito que alguns se destabacariam, convocando gigantescos/violentos sabás para celebrar a morte da sociedade na euforia dos rituais de roupas e gestos N.B.: a esperança de uma transparência geral e sem ruídos está perdida para sempre esqueço, assim, a minha miserável condição humana sinto-me nobre e grande como um morto como um pobre que nenhum tesouro acha digno de suas mãos vazias a vida, parada e recolhida, cria imponderáveis gaivotas dizendo adeus aos que andam perdidos sobre as águas do mar a chuva febril, murmurada por lábios frios, transforma o meu olhar numa estátua incessante hoje não estou propriamente mais feliz, o trânsito está difícil na outra mente há pensamentos, vendidos como suvenires em braile, lutando para retornar à vida do aviador que não suporta a viagem crua ― o passado é um combate desigual perdido em re-encenações, pantomimas grotescas, seriados a convicção de realidade é o perfume do sonho, tão horizontal como instantes de perfil ― um sonho não se observa não há propósito visual nele, decalque, ou cópia, só desligamento e ilegibilidades o privilégio de emigrar, a prova do estrangeiro e outros tantos acordos com o mundo tangível, a excitação sexual do espírito participa da alucinação primitiva, modelo e molde da percepção meridiana que está nos fantasmas, revenants, paisagens desconhecidas Paradoxo: é de olhos fechados que aprendemos a ver isto, claro, combina com a feminilização generalizada dos produtos pela persuasão publicitária a forma deixa de ser um álibi para significar somente a idéia de função e se extingue na contemplação beatífica de seu poderio a mais eficaz mitologia social muito mais assustador que um mundo animista povoado de forças vivas é o organismo absoluto de uma realidade funcional um mundo completamente inter-relacional ou, como dizia o Fernandinho Beira-Mar, tá tudo dominado.

domingo, 20 de março de 2011


SORTE A ARTE SER IMITADA PELA VIDA

SAÚDE!

sábado, 12 de março de 2011

a outra



A entrevista em que a viu pela primeira vez era uma dessas reportagens que as televisões fazem habitualmente sobre temas do cotidiano ― seria o aumento das tarifas de ônibus e metrô? ―; o formato é conhecido: imagens do, ou da, jornalista falando, o mundaréu de indistintos cidadãos ao fundo entrando e saindo de coletivos, corta para uma fala editada do secretário de transportes, declarações de algum dirigente sindical, finalizando com os indefectíveis testemunhos de “populares”. Foi neste último bloco da reportagem, inteiramente por acaso, que fez a descoberta mais importante da sua vida até então. Não tinha como duvidar do que via e ouvia, ao vivo.

A emoção que a tomou mesclava susto e alívio, aquela embaralhada sensação de libertação que sentimos quando alguma coisa por muito tempo esperada/temida finalmente acontece. Daí em diante não sossegou mais, anotou o nome da repórter e o horário do telejornal. Só não conseguia era lembrar a birosca do nome da mulher ― poderia ser distinto, como Solange e Darcy, bem mais difícil é que fosse raro como Núbia ou Edwiges, fechava caso contra carnes-de-vaca do tipo Maria Aparecida, Marli, Regina Célia. Não teve Cristo na emissora que a impedisse de falar com a entrevistadora, a quem convenceu tratar-se de mais um caso de parentes afastados.

Prometeu que a avisaria para fazer um daqueles reencontros lacrimosos que tanto servem aos programas de auditório como aos jornalísticos em dias de pauta fraca. Conseguiu acesso à autorização que as pessoas entrevistadas pela TV assinam para que suas imagens sejam usadas; tinha agora o nome e o R.G., pouca coisa, mas já era um começo. Na verdade, se houvesse pensado um pouco, teria percebido a compulsão que a arrastou em cada passo posterior a estes fatos, como etapas inevitáveis rumo ao desfecho final. Na manhã seguinte foi à Santa Ifigênia comprar um CD-ROM que, por meros vinte reais, permitiu-lhe espiar as declarações do Imposto de Renda de todos os seus concidadãos.

Na posse das novas peças do quebra-cabeças (renda, nome completo, CPF, RG e endereço), deu o passo mais ousado: resolveu submergir e atravessar para a clandestinidade, onde teria os movimentos facilitados pelo anonimato. Abandonou a vida que levava sem titubear. Não foi uma tarefa simples, há sempre muitas coisas a explicar e gente a avisar: família, amigos, parceiros comerciais, etc. Percebeu o quão desavisadamente somos controlados em nossa supostamente livre individualidade; ninguém desaparece assim, do nada, sem levantar suspeitas. Pretextou uma viagem sabática ao exterior cujo diário seria um mural eletrônico de postais virtuais ― dois palitos montar fotos suas com monumentos ao fundo e textos engraçadinhos.

Arranjar uma cabeça-de-porco foi igualmente simples: aluguel adiantado, dinheiro vivo, nada de documentos, discrição e uma senhoria pouco perguntadeira; assim, ingressou na incerta fauna do Centrão, o centro velho da cidade. Deixava para trás uma carreira apagada de atriz em que, no entanto, se firmara como apresentadora de eventos e premiações, segmento no qual tinha se tornado uma queridinha dos diretores de casting. A independência financeira, conquistada sem que tivesse feito a si muitas perguntas, mostrava toda a serventia agora que se dedicava em período integral a investigar a vida de outra pessoa. Com o parceiro de apresentações internado numa rehab para drogados e bebuns, todos acharam perfeitamente natural que desse um tempo. Reciclagem.

A conversa transcorria em um apertado cubículo ao final do corredor à direita, quarto andar de um treme-treme na Líbero Badaró; a espelunca, situada num prédio que já devia ter conhecido seus dias de grandeza, atestada pela fachada em travertino e o elevador de porta pantográfica, resumia-se a três divisórias de compensado, um balcão de vidro exibindo placas de automóveis e duas cadeiras de estofado sintético preto. Em meio a uma miscelânea de comerciantes de ouro, lojinhas de games e DVDs piratas que populavam o edifício, a placa da porta anunciava os sóbrios serviços de despachante: limpava pontos na carteira e nomes no Serasa; na parede, um calendário com o mês atrasado e, no canto da sala, um vaso de plástico cor de telha com espadas-de-são-jorge.

― Iguais como duas gotas d’água. Repare, a perfeição está nas minúcias: os frisos, o carimbo, a contraluz, a granulação, os detalhes em 3D, chega ao detalhe da gramatura do papel... moça, tenha certeza, estas aqui são as Lamborghinis das réplicas, valem cada centavo que se paga por elas! Nós ainda lhe oferecemos um plus a mais, o número do documento é quente e sai limpinho em qualquer consulta no IIRGD...

― Erre-gê o quê? ― o homenzinho, que devia regular pela idade dela, tinha o bigode e os dedos irremediavelmente manchados pela nicotina; tratá-la por “moça” só se podia explicar pela tintura de vermelho intenso que aplicara aos cabelos recém cortados.

― Não, é i-i-erre-gê-dê. Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, o órgão que expede os atestado de antecedentes criminais; qualquer um pode requerer a partir do número do RG. Aí é que está o nosso diferencial: toda a documentação que fornecemos vem virgem como um bebê.

― Hmm, aqui diz que eu sou do Maranhão...

― Pois é, a gente vai onde tá mais fácil, onde tem os esquemas; só trabalhamos com papelada branquinha, e no Maranhão, bem... aquilo lá é uma zona, lá ninguém verifica é nada, lavrou em qualquer cartório, um abraço, vira oficial. O sistema não é unificado no país, acredita?

― Ô, se acredito... ― naquele instante ela teve o vislumbre da próxima parte do plano; reexaminou as carteirinhas uma por uma, pela primeira vez ia interpretar uma personagem com documentos “de verdade”.

― Faço desconto se for o pacote completo, ok?... Dá até pra pagar em vezes no cartão, bom, né?, ficou uma tetéia o trabalho no seu passaporte, entrada na Europa pelo aeroporto de Barajas, olha só, data e hora, e ali, ó, é de Bali daqui a dois meses... na outra pasta tem sua nova vida: RG, CIC, CNH, PIS e PASEP, tudinho. Muita gente faz isso hoje, às vezes tem até mais de um, chamamos de registro “anfitrião”; do jeito que a coisa anda, é mais garantido fazer, a gente nunca sabe quando vai ter problemas na identidade principal.

Um dos mais importantes facilitadores é que o patrimônio dela possuía alta liquidez, encontrando-se aplicado majoritariamente em três bancos de investimento. Para estas instituições, ela não só não havia viajado, como fazia freqüentes retiradas e transferências para uma conta de pessoa física que até então nunca constara em seus extratos ― que, aliás, junto com as contas de celular e cartão de crédito, redirecionara para o e-mail de modo a fazer todos os pagamentos via internet. Fingir uma temporada no exterior, continuando a morar e se locomover na mesma cidade, é façanha que só se explica numa megalópole; porém, tudo isto apenas esclarece o como ocorreu a transformação, apenas tangenciando o busílis, ou seja, o porquê do processo.

O fato é que não tinha topado com alguém que se parecia com ela num sentido convencional, algo assim como uma sósia que se encontra por acaso na rua ou numa festa; aquela moça simplesmente era ela vivendo na pele de outra pessoa! Essa mulher ― que agora seguia pelas ruas, pelos cafés e restaurantes, a quem acompanhava secretamente nas constantes viagens a trabalho, com quem ia às baladas e até mesmo visitar parentes no interior ―, de alguma maneira que lhe escapava ao entendimento, era absolutamente idêntica a ela. Não era semelhança ou parecença, mas ipseidade, um sentimento intraduzível para além da primeira pessoa do singular; a voz, os tiques, o gesto, as mesmas jequices, as mesmas pausas e vacilações. Duas gotas d’água.

Talvez fosse uma forma de arrumar a madeixa de cabelo, escorregando a hesitante mão boba para o lóbulo da orelha, enquanto sorria desavontade ― de imediato, soube que ela mentira para aparecer na TV: gerente de uma grande empresa, ela nunca usava transporte público. Lembrou desta cena inicial, por alguma razão enigmática, durante a conversa com R4z0r, uma lenda viva entre os hacktivistas; na cafeteria semivazia, com o notebook do rapaz sobre a mesa de fórmica riscada, procurava delinear-lhe as feições escondidas atrás de enormes óculos escuros e enterradas sob um boné dos Cardinals com a pala furada de piercings.

― ...certo, o que você quer não pode ser resolvido pelo ultravnc.exe, ia precisar que a pessoa baixasse e executasse o programa voluntariamente, o que não é o caso, precisa pegar um rastreador de IP, você sabe que estará hackeando o outro usuário, que vai se tornar um IP atacante não sabe?, então, alguns firewalls do Zone Alarm Pro podem te detectar. No próprio windows há o comando externo tracert que...?

― Posso ser processada por isso? ― era um sujeito curioso o tal R4z0r, pensou, procurado no mundo inteiro e incapaz de ir além de uma área de poucos quarteirões no bairro onde nascera. Agorafobia, diziam.

― Sempre pode dar merda, na rede sempre ficam rastros, os logs; cada computador só se liga à rede mundial por um número IP que é atribuído automaticamente, uma identidade de quatro octetos, olha o nosso agora: 192.168.171.299; a primeira metade designa as redes que nos conectam e os dois últimos identificam o host, ou seja, este meu computador aqui; entrou na web, pá, um número. Por isso nós podemos rastrear o IP dessa pessoa que você quer, mandamos um spyware para o PC dela, gosta do Messenger Plus?, ele dá as teclas digitadas, os movimentos do mouse, os sites visitados, as senhas, as fotos, vídeos, músicas, as pesquisas... melhor que ser amigo na rede social, não?

O próximo encontro foi mais difícil de chegar; o lugar era no final (!) da Estrada do M’Boi Mirim, bem depois de onde o Judas perdeu as botas, virando à esquerda. Por sorte era de dia, pois, a partir de certa altura, o motorista de táxi recusou-se a continuar e só a muito custo é que a deixou no ponto do lotação que a levou ao quilômetro da entradinha. Andou mais um troço de caminho pelo meio do mato até chegar a um portão com o número pintado a graxa no chapisco do muro sem reboco. O silêncio dali fazia com que a cidade parecesse uma entidade distante; dois pit bulls surgiram no terreno contornando um casebre na frente do terreno e ficaram rosnando para ela atrás das barras do portão de ferro. Lá dos fundos gritaram para que entrasse, antes que pudesse responder, um silvo agudo soou e os cães voltaram pelo lado oposto de onde tinham surgido.

― Belê, hmm pode sentar aí, os pneu é firmeza, vou contar a grana, só um momentinho... combinado não é caro, né? ― Peruquinha deixava os interlocutores na dúvida se era um homem muito feio, ou uma mulher que a natureza tinha escolhido para sacanear. Chefia do desmanche de carros, não ostentava um único pêlo no corpo disformemente obeso; o adereço que fazia jus ao apelido era um ignóbil chinó que mais parecia um Black Power de carnaval.

― Ok, ah, a automática tá no porta-luvas do carro, e fica sussa: a placa é clonada, mas se os homens te parar é raro eles conferir o chassi...

O silêncio daquele lugar continuava a assombrá-la, onde andariam os pit bulls? Alegou que comprava a arma para defesa.

― O caralho, fia, joga merda nos meus olhos não, tu vai apagar alguém, que eu sei. Não dá outra, é sempre nisso que essas paradas acabam. Sabe por que é que nego tira a roupa um do outro antes de trepar e depois cada um se veste sozinho? Porque depois que você tá fudido ninguém mais quer te ajudar! Hahaha! Relaxa, mina, o que você tem é que pegar na M’Boi à direita e nunca mais voltar, se tu rodar e abrir o bico sobre isto aqui, eu te acho na cadeia, valeu?

Ele/ela sacara o essencial, mas faltara a sutileza, já que, a rigor, ia se matar; o seu antigo eu ia voltar de viagem e morrer durante um assalto, isto é, colocaria o cadáver da outra na cena do crime vestindo as suas roupas e com os seus documentos na bolsa. Daí em diante assumiria plenamente a identidade que conhecia nos mais íntimos detalhes, ninguém perceberia a diferença. Na falta de um tempero passional para atiçar a mídia, e tendo a sorte de haver outro assunto de ocasião mais suculento, o caso iria engordar as estatísticas de latrocínio despercebidamente. Sentia um pouco, mas não demais, pelo sofrimento que causaria à família; mas a compensação da herança que lhes deixava seria sopa no mel para os irmãos e o pai viúvo.

Ainda não tinha chegado à Santo Amaro quando se deu conta de uma pequena falha no estratagema: o passaporte! O passaporte é o único documento que vincula um dado antropométrico, as digitais, às certidões cartoriais e à foto ― impressões dos cinco dedos da mão direita ficam armazenados no sistema da polícia federal, o que lhe impediria a renovação. Ficaria presa dentro das fronteiras do Mercosul, gaiola enorme é certo, mas o caso é que havia um buraco na coisa toda.


(plágiomenagem a José Saramago)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

anti-ode a Mario Benedetti

Não rias
ainda estás a tempo
de afastar e desistir de novo
rejeitar tuas sombras
desenterrar teus medos
acumular mais lastro
arregar do vôo.


Não rias
que a vida é isso
o medo da viagem
a fuga do sonho
desperdiçar o tempo
correr pelos escombros
e travar o jogo.


Não rias
enquanto cedes
ainda que o frio
queime
o medo morda
ainda
que o sol se esconda
e se cale o vento
já não há fogo
na tua alma falta vida
em teus sonhos.


Porque nem a vida é tua
nem teu o desejo
porque não quiseste
e agora também não quero
porque são o vinho e o amor
incertos
porque há feridas que não cura
o tempo.


Fechaste as portas
trancaste ferrolhos
protegido por muralhas
não vives a vida
recusas o repto.


Recuperar o riso?
Ensaiar um canto?
Baixar a guarda?
Estender as mãos?
Abrir as asas?
E tentar de novo
celebrar a vida retomando
a praça?


Não te rias
por favor foi só um momento
achei que podias não
ter cedido
ao frio que queima
ao medo que morde
ao sol que se põe
ao vento que se cala.


Não rias só porque
pensei haver fogo em tua alma
e vida em teus sonhos
porque cada dia recomeça
porque não há melhor hora
do que este momento
porque estás só
e ninguém te quer
ouvir.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pinel




a Sindrome de Asperger é uma forma de ser
não é mais um diagnóstico psiquiátrico

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Revista Lowcultura #1

Para Download acesse: http://www.dasdoida.com.br/loja.htm

aguardamos colaboração para #2 da Revista.

tornar-se outro, ou a gênese do humano

autotélica
a experiência do vivido se fecha
sobre si mesma a duração
não encontra fim
mas acaba
sem justificar nada ou ninguém
(som & fúria & loucura & bebedeira & que não significam nada, etc., etc.)

posta no vazio a queimar
com sua luz própria
a obra
povoada de vidas circunstâncias pressões
e acaso
se perde sai do isolamento e inicia
uma fusão a frio entre
a arte e o ser

Fale comigo.
Você que me deixou só, mergulhado nas fornalhas,
os rios negros da Geena;
por que nunca fala o que está pensando?
Há conforto para você em seu silencioso céu
enquanto receio que as flores não amanheçam,
murchem
como os beijos que acabam?
Tive minha chuva de lágrimas;
foi noite escura, na certa,
foi a desolação deste lugar bravio.

concedo: viver é bem mais estranho
arriscado
estúpido
milagroso
e inútil do que a morte
angustio-me
― é inevitável
como os pedágios na autoestrada
as consultas do dermatologista e o controle
do colesterol

se não posso ser autista
realizo no entanto um esforço destro
essencialmente biográfico (e mutante) mas incapaz
de enfrentar o trânsito da metrópole
onde encontro com hora marcada o coração selvagem
da vida

se não posso evitar o sofrimento
ao menos aspiro criar o meu privado
equívoco
minha ilusão de inalienável idiotia
como fazem os heróis sem saber
como fazem os poetas por querer
como fazem todos na desmedida de suas
possibilidades

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

a favor e contra

sou a favor da pena de morte
para o Criador

sou contra o aborto
da natureza

sou a favor das drogas
para dores de parto

sou contra o trabalho infantil
e adulto

sou a favor do casamento gay
para humanos, ETs e outros

sou contra qualquer tipo de racismo
afinal, há raça humana?